Os índios antes do contato com os brancos eram pessoas saudáveis tanto de espírito quanto de mente. Seus hábitos saudáveis de vida faziam com que fossem baixas as incidências de doenças entre eles. Corriam ao ar livre, comiam somente uma vez por dia, nadavam, enfim a atividade física entre eles era muito grande. Costumavam se reunir ao redor de uma fogueira onde queimavam ervas, acompanhados do pajé. Essa prática fazia com que os índios se tornassem resistentes às doenças epidêmicas. Aos poucos o contato com os brancos foi introduzindo costumes que só fizeram abalar o vigor físico do índio. As roupas trouxeram alergias de pele, a cachaça, o açúcar trouxeram problemas dentários e a diminuição da saúde.
Os índios acreditam que as doenças são causadas por espíritos, por elementos estranhos que podem ser um inseto ou uma planta que algum espírito introduz no corpo da pessoa doente. Os índios caingangues acreditam que as pessoas doentes têm sua alma roubada por um espírito maligno, vingativo de outra tribo ou até mesmo da própria tribo. A saudade, o amor ou o remorso também podem ser causa de um roubo de alma e consequentemente a doença numa pessoa. Algumas doenças podem ser causadas pela introdução de pedras, objetos, vermes no corpo da vítima por um monstro sobrenatural. Os índios bororós também acreditam nisso. Os pajés são os sacerdotes ou feiticeiros indígenas que ao serem possuídos por espíritos falam e agem através deles. Através da observação dos animais na natureza os índios encontram os remédios para seus males e magias. As plantas vermelhas para os índios curam as doenças do sangue, as plantas amarelas curam a bile, o fígado. As cascas vermelhas ou marrom- escuras são usadas contra a erisipela, tumores, etc. Para os índios algumas excreções animais são impuras e nocivas e algumas são puras e medicinais. O muco nasal, o sangue, e o cerume são considerados impuros e usados apenas para feitiços. A saliva e a urina do animal são consideradas remédios. Os dentes de onça, unhas de tamanduás são considerados amuletos com poderes mágicos que afastam certas doenças. Contra a picada de cobras usam: dentes de jacaré pendurados no pescoço, pulsos e tornozelos. Raspas de dentes de jacaré são ingeridas com água. Banha de jacaré para picada de cascavel. Presa de cascavel moídas são usadas contra as úlceras malignas. Cascavel viva cozida com frango até tudo se desmanchar cura erupções cutâneas crônicas e sífilis. Formigas grandes assadas e comidas com farinha de mandioca contra a má digestão. Dor de dente se cura com cinza de unha de onça. Pó de chocalho de cascavel faz cair dentes estragados. As banhas da onça são usadas para curar destruir vermes das úlceras malignas. Dor ciática é curada aplicando pele de cachorro recém-esfolada. Cinzas da casa de cupim curam feridas. A mulher indígena é considerada apenas um receptáculo quando gera uma criança, as responsabilidades são do homem que coloca sua semente na mãe e esta a desenvolve. Para algumas tribos a gravidez somente acontece quando existem relações frequentes e não ocasionais. Se a mulher é solteira, viúva ou sem marido, não engravida. Outras tribos dizem que é vontade da deusa Tá-é. Cuidados de uma índia grávida - dieta: peixes pequenos, aves e tubérculos como a mandioca, o cará, e a batata-doce. Certas carnes de animais são proibidas de serem ingeridas por acreditarem serem portadoras de espíritos. Comer milho também é proibido na gravidez, a criança nascerá com tosse. A carne de jabuti impedirá a criança de crescer. A carne de macaco é proibida porque a criança poderá ter a voz irritante do macaco. A carne dos pés de porco faz com que a criança nasça em posição difícil para o parto. Carne de veado faz a mãe ficar louca. A carne de tatu após o parto provoca tumores. Se o pai matar uma onça na hora do parto a criança nascerá com a cara chata, se matar um tucano terá um nariz grande, se matar uma preguiça, a criança será preguiçosa, etc. Não deve amarrar nada porque senão a criança ficará amarrada na hora de nascer e a prejudica na hora do parto.
GARRAFADAS
Dizem que as garrafadas devem ser feitas com vinho para mulher e com cachaça para os homens. Garrafada para curar diarréia - 3 folhas de abacateiro, 3 folhas de goiabeira e 3 folhas de abiu-do-pará. Juntar todas as folhas com 2 copos de água e ferver durante 10 minutos; deixar esfriar. Depois de cada evacuação o doente deve beber meio copo de remédio.
BANHOS MÁGICOS:
Devem ser tomados logo após o banho normal com sabonete de preferência neutro. Jogue a água do pescoço para baixo evitando a cabeça. Contra o vício de bebida e perseguição do mal ,alho macho, salsão, arruda, guiné,
espada-de-são-jorge, folhas de fumo e alho macho. Ferva tudo por alguns minutos e deixe esfriar para poder tomar o banho. Contra feitiço - sal grosso, guiné, arruda, espada-de-são-jorge. Banho para cuproblemas de dinheiro - galho de amoreira. Este banho deverá ser feito só por quem estiver realmente necessitado. Banhos para proteção no amor - rosas brancas, jasmim, lírio, palma- de- são- josé, arruda e erva-cidreira. Defumação para atrair fortuna - queimar café e açúcar em todos os cômodos da casa e depois passar água limpa e uma vela acesa por eles. Remédio para curar dor muscular, reumatismo, artrite, torcedura - 1 xícara de chá de alho picado, 1 xícara de chá de gengibre picado, 1 xícara de pimenta malagueta bem socada e 3 xícaras de chá de óleo de coco. Esquentar o óleo de coco numa panela, juntar o alho, o gengibre e a pimenta, deixando em fogo baixo por 10 minutos. Colocar num vidro depois de frio. Aplicar no local dolorido fazendo massagens. Jogar após a banho ou a defumação tudo o que sobrou numa água corrente de um rio ou praia.
Ieda Couto- Psicologia
Ieda Couto- Psicologia






