quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Resenha sobre o Filme Efeito Borboleta


"O simples bater das asas de uma borboleta pode gerar um tufão no outro lado do mundo" (Teoria do Caos)

Estrelado por Ashton Kutcher e Amy Smart, dirigido por Eric Bress e J. Mackye Gruber, Efeito Borboleta foi lançado em 2004 como uma bomba para quem teve a oportunidade de assistir, pelo seu roteiro perspicaz e subliminar. Conta à história de Evan Trebourn que sofre desde criança com apagões que se sucedem em momentos traumáticos da sua vida. Devido às atitudes estranhas de Evan, Sua mãe teme que tenha herdado a doença do pai.

Evan é supervisionado por um psiquiatra, e como uma chance de conservar a memória pede para que escreva regularmente o que faz durante o dia. E logo depois de se mudar, distanciando de seus amigos de infância, mantém um longo tempo sem apagar. Estudando psicologia, Evan pesquisa sobre a Memória, revendo seus diários tenta uma forma de resgatar o que havia acontecido quando desmaiava, buscando os amigos de infância como fonte das lembranças.

Mas o que ele não imaginava, era que estava mexendo com uma ferida dolorosa, o amor que havia deixado para trás, com a promessa de que voltaria para buscá-la. Acontece um trágico acontecimento por culpa de Evan, e agora ele vai fazer de tudo para voltar atrás e arrumar tudo. O filme inicia com uma frase de absurdo impacto, nos faz pensar sobre nossos atos falhos, nossas pequenas atitudes que não parecem para nós fazer grande diferença, acontece que somos todos influenciados por tudo que nos rodeia, e somos também influenciadores pelo pequeno ato da nossa omissão perante alguma situação.

Uma palavra pode gerar um suicídio, uma atitude pode causar depressão em uma pessoa, que vai envolver outras pessoas por terem que animar a mesma, Uma escolha inconseqüente pode amanhã fazer toda diferença para você e todas as outras que dependerem do seu trabalho, Um papel jogado na rua pode ser a gota da água na causa de enchente, e as pessoas que morreram que nada tinham que ver com a sua educação. Então o filme traz inúmeros questionamentos, mesmo Evan ter a capacidade de voltar atrás, ele não conseguia fazer o que queria, alguém sempre era prejudicado, uma alusão ao destino manipulável que certas conseqüências não têm mais volta. Pensamos na questão dos diários que Evan escrevia, como um ato terapêutico, como uma forma de registrar no papel aquilo que estava latente naquele instante.

Considerações óbvias podem ser feitas a respeito da escolha da profissão de Evan, Psicólogo. Devido à falta de compreensão estabilizada diante dos apagões e lapsos de memória, e até mesmo a falta de uma figura e função paterna, Evan aspirava por desvendar os mistérios da psique Humana, mais precisamente da sua. Referenciando Freud, os mecanismos de defesa foram importantes para a sua saúde psíquica, pois os acontecimentos traumáticos na infância deslocaram para o recalcamento.

Evan conviveu sua juventude com Tommy, irmã de Kayleigh, que uma análise simplista da minha parte, pode sugerir claros indícios de perversão, devido à inconseqüência nos atos, como queimar o cachorro do amigo. O pai de Tommy e Kayleigh não constatava nenhum amor pelos filhos, tanto que era pedófilo. Cenas chocantes como essa, podem sugerir a brilhante função do nosso cérebro, como forma de defesa, pois Evan bloqueou as imagens do que ocorreu.

O efeito Borboleta, nos faz viajar de olhos abertos na possibilidade de voltarmos no tempo – espaço, mas nos esclarece uma lição lógica, que o destino muitas vezes é imutável. Pequenas mudanças nas nossas ações alteram todo plano de seqüência, a reação em cadeia pode não ser linear, ou seja, toda ação tem uma reação, por menor que seja. Então, pense se deve manter aquele pensamento que ‘’um’’ não faz a diferença, aquela lógica que uma simples atitude não afetará ninguém.

Um filme inteligente, comovente, fascinante e a pergunta fica.
Se você pudesse voltar no tempo, o que você mudaria? Porque?

Filippo Elia Pezzini - Psicologia



2 comentários: